Dilemas da construção do espaço público e seus vínculos com os fluxos comunicativos primários : a experiência da rádio comunitária no bairro restinga

Autor: Daniel, Maira Graciela
Ano: 2008
Instituição: UFRGS
Área: Ciências Humanas
Tipo: Dissertação
Resumo: Movimento nascido nos subúrbios de Nova York, o Hip Hop chegou ao Brasil na década de 80 e aqui ganhou diferentes formatações, configurando-se como uma organização artísticomusical de contextos urbanos precarizados com significativa relevância no que se refere às discussões sobre as juventudes. Observando o Hip Hop como um movimento social, o projeto “Enunciar cotidianos produzindo narrativas: sujeitos, identizações e estratégias no cotidiano de movimentos sociais e escolas”, ao qual este trabalho está vinculado, tem como intuito compreender os processos de identização construídos pelos sujeitos atuantes e, neste ínterim, as contribuições do espaço escolar neste processo. O objetivo principal do trabalho aqui apresentado consiste, então, em analisar as contribuições da prática do break na formação das identidades de jovens de periferias urbanas, discutindo as tomadas de posição produzidas nas sociabilidades no âmbito da “cultura Hip Hop”. Os sujeitos de diálogo integram o grupo Restinga Crew, cuja trajetória já atinge dez anos e está sediada no bairro Restinga, localidade de expressão histórica do movimento em Porto Alegre. As técnicas empregadas na pesquisa são a observação in loco, especialmente nos encontros, ensaios e apresentações do grupo, a análise conseguinte do diário de campo e a realização de entrevistas semi estruturadas. Por estar em fase inicial da imersão em campo, este trabalho possui apenas informações preliminares, as quais vêm sendo analisadas a partir das contribuições de Alberto Melucci na compreensão de processos de identização e no estudo da organização de movimentos sociais contemporâneos. Pode-se perceber, até o momento, que algumas narrativas trazem elementos comuns, explicitando pistas de que há mais do que a aprendizagem dos passos de break dentro daquele espaço de socialização. Sobre as motivações que os levam a fazer parte do Restinga Crew, os participantes destacam a realização e satisfação pessoal com a prática da dança e também uma relação direta com a subsistência. Ao aliarem a realização pessoal à possibilidade de futura geração de renda, evidenciam a construção preliminar de sentido para a participação no Restinga Crew. Dentre os aspectos citados como aprendizagens adquiridas desde a inserção no grupo, os participantes destacam a formação de certo senso de coletividade e um aumento da capacidade de tomar decisões e conviver em grupo. Os entrevistados citam também como valores estimulados pelo convívio o respeito mútuo, a responsabilidade, e a mudança de relação com o espaço público, o que resumem com a expressão “aprender a andar na rua”. Destaca-se ainda como valor a importância do papel de autonomia assumido pelos jovens no espaço de ensaio, o que os torna protagonistas de seus processos de aprendizagem.

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