A negritude estetizada vista pelas crianças na Educação Infantil

Autor: Santos, Nathália Cargnin
Ano: 2013
Instituição: UFRGS
Área: Ciências Humanas
Tipo: Resumo publicado em evento
Resumo: O estudo analisa interações entre crianças de cinco anos de uma escola municipal infantil de Porto Alegre, no bairro Restinga. Observou-se como o conceito de raça e negritude vem sendo construídos a partir da introdução de bonecos negros e livros de literatura infantil cujos personagens protagonistas foram negros positivados. Baseia-se nos estudos de Foucalt (1998), Sodré (1999), Franknberg (2004), Kaercher (2010), Dornelles (2012), dentre outros. Objetivou-se entender como tais conceitos operam na produção de sujeitos racializados, construindo uma negritude inferiorizada desde a infância e como estes conceitos estão atravessados pelas relações de poder/saber que constituem a infância nesse nível de educação. A investigação caracterizou-se como uma pesquisa com crianças, numa articulação entre etnografia, teoria póscrítica e formação de professores, valendo-se de observação participante, contação de histórias e brincadeiras com bonecos como estratégias metodológicas. Preocupou-se em fazer emergir as vozes das crianças, ou seja, o que pensam e manifestam a cerca do tema pesquisado tornando-as partícipes ativos da investigação. O trabalho foi realizado em seis encontros, durante quinze horas, em uma turma de vinte e quatro crianças, sendo oito meninos e dezesseis meninas, moradores do bairro, em sua maioria autodeclarados mestiços. Ao analisarmos os dados constatou-se, em um primeiro momento, que a maioria das crianças não trouxe para a brincadeira os bonecos negros. Estetizados os bonecos negros as crianças deslocaram as significações de seus discursos, brincando e narrando positividades a cerca da negritude. Nas narrativas literárias as crianças ficaram surpresas quanto ao protagonismo dos personagens negros, sem demonstrarem, contudo, o reconhecimento de pertenças raciais. As histórias despertaram reações distintas em muitas crianças, evidenciando que a positividade com que aquela negritude foi lhes apresentada interferiu sobre maneira no modo de percebê-la. O estudo se coloca na tentativa de oportunizar reflexões sobre a importância da educação antirracista no cotidiano da educação infantil.

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